“Foi a milícia que matou Marielle”, afirma Rivaldo Barbosa em depoimento. O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, prestou um depoimento crucial ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no dia 15 de julho. Este depoimento se insere em um processo que pode levar à cassação do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e de seu motorista, Anderson Gomes. Com a revelação de que a milícia teria sido responsável por esses assassinatos, a tensão no cenário político do Rio de Janeiro aumenta, exigindo uma análise crítica e cuidadosa das informações apresentadas.
Rivaldo Barbosa, em seu depoimento, não hesitou em afirmar: “Foi a milícia que matou Marielle”. No entanto, ele também deixou claro que não tem acesso direto às investigações em curso. Essa declaração evidencia a complexidade do caso, que envolve múltiplas camadas de poder e corrupção no âmbito da segurança pública. Ao assumir a Polícia Civil um dia antes do assassinato, Barbosa se vê em uma posição delicada, sendo acusado de ter colaborado com os mandantes do crime e de ter prejudicado as investigações subsequentes.
As Acusações e as Defesas
As acusações contra Rivaldo Barbosa e os irmãos Brazão são graves. De acordo com a Polícia Federal, o ex-chefe da Polícia Civil teria auxiliado no planejamento do assassinato e, subsequentemente, atrapalhado as investigações. Apesar disso, Barbosa nega qualquer envolvimento e afirma que sua única contribuição foi designar o delegado Giniton Lages para liderar a investigação do caso. Essa defesa, no entanto, levanta questões sobre sua real influência nas investigações e sobre o que realmente aconteceu nas semanas seguintes ao crime.
A prisão de Chiquinho Brazão e seu irmão, Domingos Brazão, em março deste ano, aumentou as pressões sobre o Conselho de Ética. O PSol, partido de Marielle Franco, já havia solicitado a cassação do mandato de Chiquinho por quebra de decoro parlamentar. Esse apelo, por sua vez, mostra a disposição do partido em buscar justiça, não apenas para Marielle, mas também para a integridade das instituições democráticas. Barbosa, por sua vez, afirmou ter perdido 15 kg desde a prisão dos irmãos Brazão e insistiu que sua única ação foi contribuir para a prisão de Ronnie Lessa, outro envolvido no caso.
O Processo de Cassação
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados começou a ouvir testemunhas na semana anterior ao depoimento de Barbosa. A relatora do processo, Jack Rocha (PT-ES), organizou uma série de oitivas que inclui 15 testemunhas. Entre elas, destacam-se nomes relevantes como o vereador Willian Coelho e o ex-deputado federal Paulo Sérgio Ramos. Essas audiências são fundamentais para elucidar o papel de cada indivíduo envolvido e para verificar a veracidade das alegações que cercam o caso.
Durante seu depoimento, Willian Coelho declarou que não observou nenhum embate entre Marielle Franco e Chiquinho Brazão enquanto esteve na Câmara Municipal. Ele descreveu Brazão como um vereador ativo, que sempre se posicionou de forma educada e respeitosa. Essa defesa, embora importante, não elimina as acusações pesadas que pesam sobre Brazão. Por outro lado, Paulo Sérgio também manifestou sua surpresa com o indiciamento de Chiquinho na morte de Marielle, sugerindo que as investigações precisavam ser rigorosas e minuciosas para evitar qualquer irregularidade.
A Repercussão das Investigações
O impacto do caso Marielle Franco vai muito além de um simples processo judicial. As implicações éticas e políticas são profundas, pois envolvem a confiança pública nas instituições e a percepção de segurança no Rio de Janeiro. À medida que novas informações surgem, a pressão sobre o governo e a polícia aumenta, exigindo uma resposta que restaure a fé na justiça e na proteção dos direitos humanos.
Além disso, a sociedade civil observa atentamente cada desdobramento desse caso. A exigência de transparência e responsabilidade é mais relevante do que nunca, e a pressão popular pode ser um fator decisivo para que as autoridades ajam de maneira justa e eficaz. A luta pela verdade em torno do assassinato de Marielle Franco representa um marco na busca por justiça em um ambiente repleto de desafios éticos e morais.
Conclusão: A Luta pela Justiça
Em suma, o depoimento de Rivaldo Barbosa no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados é um componente crítico de um caso que toca o coração da sociedade brasileira. O que está em jogo não é apenas a reputação de indivíduos, mas a saúde das instituições democráticas e a proteção dos direitos fundamentais. Assim, enquanto as investigações continuam, a sociedade deve permanecer vigilante e exigir que a verdade prevaleça, garantindo que a justiça não seja apenas um ideal, mas uma realidade tangível.