Como Big Tech Minera Dados da Internet para Desenvolver IA

Como Big Tech Minera Dados da Internet para Desenvolver Modelos de Inteligência Artificial

Veja como Big Tech minera dados da internet para desenvolver modelos de IA. Nos últimos anos, as grandes empresas de tecnologia, conhecidas como big techs, têm transformado a forma como interagimos com a informação. Uma das práticas centrais para essa transformação é a mineração de dados, que permite a criação de modelos avançados de inteligência artificial (IA). Mas como exatamente essas empresas conseguem reunir informações de toda a internet? Neste artigo, exploraremos o processo de mineração de dados, os rastreadores utilizados e as implicações legais dessa prática.

O Papel dos Rastreadores na Mineração de Dados

Para treinar grandes modelos de IA, as big techs empregam robôs chamados crawlers ou rastreadores.Esses bots exploram a internet em busca de dados, vasculhando sites e extraindo informações valiosas, como textos, imagens e vídeos. Ao fazer isso, eles criam uma base de dados robusta que alimenta algoritmos de aprendizado de máquina.

Por exemplo, buscadores como Google e Bing utilizam esses rastreadores desde os primórdios da internet. Além de indexar conteúdo, essas tecnologias também desempenham um papel crucial em serviços de comparação de preços, como o Buscapé. Contudo, os rastreadores que alimentam os modelos de IA são projetados para extrair todo o conteúdo disponível. Assim, eles visam treinar sistemas capazes de gerar textos, imagens e vídeos coerentes e informativos. Essa abordagem permite que as IAs ofereçam respostas mais relevantes e precisas, enriquecendo a experiência do usuário.

A Controvérsia da Mineração de Dados

A mineração de dados, embora comum, levanta questões éticas e legais significativas. Em muitos contextos, essa atividade pode violar direitos autorais. A situação se torna ainda mais complexa quando empresas bilionárias lucram com dados coletados de forma clandestina, enquanto indivíduos como Aaron Swartz enfrentaram sérias consequências por tentativas semelhantes de democratizar o acesso à informação. Essa disparidade destaca a necessidade urgente de um debate mais profundo sobre ética na coleta de dados e suas implicações sociais.

Como os Rastreadores Funcionam

O processo de raspagem de dados começa com o envio de sinais para os servidores da web, onde os rastreadores recebem o código por trás dos sites. Cada rastreador tem uma lista inicial de links e, a partir daí, salta de página em página, coletando informações. Para aumentar a eficiência, esses bots registram quais páginas já visitaram, evitando assim a duplicação de dados.

De acordo com relatórios, o Google chega a raspar mais de 20 bilhões de sites por dia, mas a complexidade do processo faz com que a empresa não tenha uma estimativa precisa do número total de páginas visitadas.

Quais São os Rastreadores Usados pelas Big Techs?

O Google utiliza vários rastreadores para diferentes tipos de conteúdo: um para smartphones, outro para vídeos e até um específico para treinar modelos de IA, como o Gemini. A OpenAI também adota um mecanismo semelhante para alimentar suas redes neurais que sustentam o ChatGPT.

Por outro lado, a Meta tenta evitar a raspagem de conteúdo em suas plataformas sociais, mas também possui rastreadores que exploram a web. No entanto, as informações sobre esses bots não são amplamente divulgadas, deixando muitos no escuro sobre suas práticas.

Como os Sites Podem Proteger Seus Dados?

Os proprietários de sites têm várias opções para proteger seus dados contra a mineração indesejada. Eles podem usar um arquivo chamado “robots.txt”, que funciona como um manual de instruções para os rastreadores. Com esse recurso, é possível especificar quais partes do site podem ou não ser acessadas pelos bots. No entanto, é crucial destacar que essa prática é meramente uma questão de “cordialidade”, e programadores habilidosos podem facilmente ignorar essas instruções. Portanto, os proprietários devem estar cientes de que, embora exista uma forma de proteção, ela não é infalível.

O Uso dos Dados Coletados

Os dados extraídos pelos rastreadores servem a múltiplos propósitos. As inteligências artificiais generativas, como o ChatGPT, utilizam técnicas de aprendizado profundo, alimentando grandes volumes de dados nas redes neurais. Inicialmente, os modelos são treinados para imitar padrões encontrados nos dados. Em seguida, aplicam um aprendizado por reforço, ajustando os resultados conforme necessário.

A qualidade e o tratamento dos dados minerados são cruciais para o sucesso dos modelos de IA. Essa variabilidade se reflete nas diferenças entre os produtos oferecidos pelas diversas empresas de tecnologia, destacando a importância de um processamento eficiente e responsável dos dados.

Legalidade da Mineração de Dados

A mineração de dados pode ser legal ou ilegal, dependendo das circunstâncias específicas. Muitas vezes, ela é considerada ilegal quando sobrecarrega servidores ou rouba informações confidenciais, violando os termos de uso de um site. No entanto, a situação se complica quando a mineração acontece em nome do interesse público, como ocorre no jornalismo e na ciência.

Atualmente, o mundo carece de um consenso sobre o uso de dados para treinar inteligências artificiais. Na União Europeia, as empresas devem consultar os proprietários dos sites antes de minerar dados. Por outro lado, no Japão, essa prática é reconhecida como “uso honesto”. Já nos Estados Unidos, ainda não existe uma definição clara sobre o assunto, o que gera incertezas e desafios na regulamentação dessa atividade.

A Situação no Brasil

O Brasil discute ativamente uma regulação para a IA, inspirando-se na União Europeia. Essa proposta proíbe a mineração de dados sem consentimento e exige remuneração pelo acesso a dados protegidos. Mesmo assim, as empresas devem respeitar os direitos autorais, o que gera disputas judiciais, como no caso do New York Times contra a OpenAI. À medida que essa discussão avança, é fundamental que as empresas adotem práticas transparentes e éticas, garantindo que a inovação não comprometa os direitos dos criadores.

Conclusão

As big techs usam rastreadores para coletar grandes quantidades de dados da internet, mas essa prática gera controvérsias legais e éticas. Com o avanço da discussão sobre a regulação da IA, as empresas precisam ser transparentes em relação às suas práticas de mineração de dados e respeitar os direitos autorais. A evolução da tecnologia deve sempre andar junto com a ética e a responsabilidade social. É essencial que essas gigantes da tecnologia priorizem a integridade e o respeito, garantindo que seus avanços beneficiem a sociedade como um todo.

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